domingo, 22 de maio de 2011

Professora Amanda Gurgel silencia Deputados em audiência pública

A professora Amanda Gurgel não esperava que a suas declarações diante da secretária de educação do Rio Grande do Norte causaria tanta repercussão, pois segundo ela, tudo que ela falou faz parte da rotina diária de qualquer professor da rede pública. Vale a pena conferir o vídeo:



Momentos de destaque:

"Como as pessoas apresentam muitos números[...] e sempre colocam: 'os números são irrefutáveis', eu gostaria, também, de apresentar um número[...] composto por 3 algarismos apenas, bem diferente dos outros números que são apresentados aqui com tantos algarismos, que é o número do meu salário: um 9, um 3 e um 0[...]R$930,0"

"[...]respondam, só se não ficarem constrangidos, obiviamente, se vocês conseguiriam viver ou manter o padrão de vida que vocês mantém com este salário. Não conseguiriam, certamente este salário não é suficiente nem pra pagar a indumentária (roupa) que os senhores e as senhoras utilizam pra frequentar esta casa aqui(assembléia legislativa)"

"[...] só quem está em sala de aula[...] é que pode falar com propriedade sobre isso, fora isso, qualquer colocação que seja feita aqui, qualquer consideração que seja feita aqui é apenas para mascarar uma verdade[...] visível a todo mundo[...]: 'em nenhum governo, em nenhum momento que nós tivemos no nosso estado, na nossa cidade, no nosso país a educação foi uma prioridade'"


"[...] a secretária (Betânia Ramalho) disse, ainda, que nós não podemos ser imediatistas[...], precisamos pensar a long prazo, mas a minha nescessidade de alimentação é imediata, a minha nescessidade de transporte é imediata, a nescessidade de Jéssica (filha da professora) é imediata"

"[...] parem de associoar qualidade de educação com professor dentro de sala de aula[...]! Porque, não tem como você ter qualidade em educação com professor três horários em sala de aula[...]! É assim que os professores multiplicam os R$930,0: 930 de manhã, 930 à tarde, 930 à noite! Pra poder sobreviver, não é pra andar com bolsa de marca nem pra usar perfume francês"

"[...] nós queremos é objetividade[...], mas como? Sem nenhuma proposta? De mãos abanando? Voltar mais uma vez desmoralizado pra sala de aula pro aluno dizer: 'professora, a gente ficou aqui sem ter aula e só isso? Vocês receberam R$20, R$30(de aumento salarial)?' Dão risada"

"[...] pedimos, ainda, secretária, respeito[...]. A senhora não vá mais à mídia dizer assim: 'pedimos flexibilidade', como se nós (professores, e não a senhora, os senhores) fossemos responsáveis pelo caos, que na verdade só se apresenta pra sociedade quando nós estamos em greve, mas que está lá todos os dias dentro da sala de aula, dentro da escola"

Essa foi a maior sequencia de "recebas" que os autores do blog já testemunharam. Parabéns pela coragem, professora Amanda Gurgel e "recebam" todos os responsáveis pelo caos na educação do Brasil.

P.S.: "Receba" é uma giria criada pelo professor de história Ricardo Carvalho que interpreto como: "escute caladinho e se recolha à sua insignificância"